Edifício Sampaio Moreira
Edifício Sampaio Moreira | |
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Informações gerais | |
Estilo dominante | Eclético |
Arquiteto | Samuel das Neves, Cristiano Stockler das Neves |
Construção | 1924 |
Inauguração | 1924 |
Estado de conservação | SP |
Património nacional | |
Classificação | CONPRESP - Resolução 37/Conpresp/92 |
Data | 2004 |
Geografia | |
País | Brasil |
Cidade | São Paulo |
Coordenadas | 23° 32′ 48″ S, 46° 38′ 10″ O |
Localização em mapa dinâmico |
O Edifício Sampaio Moreira localiza-se na Rua Líbero Badaró, 346, na região central da cidade de São Paulo.[1] Com doze andares e cinquenta metros de altura, o edifício ganhou o nome de Sampaio Moreira em homenagem a seu proprietário José de Sampaio Moreira (1866-1943), um comerciante que foi convencido pelo arquiteto Christiano Stockler, no ano de 1920, a construir o edifício que finalizaria o monumento do Parque do Anhangabaú, o qual ficou pronto quatro anos depois.[2][3][4]
História
Projeto relacionado à arquitetura eclética paulista, o edifício é de autoria dos arquitetos Christiano Stockler e Samuel das Neves. Apresentando doze pavimentos e cinquenta metros de altura, o Sampaio Moreira figurou como mais alto edifício da cidade de São Paulo entre 1924, ano de sua inauguração, e 1929, quando foi superado pelo Edifício Martinelli. É considerado, desta forma, o primeiro edifício de múltiplos andares de grande porte na cidade de São Paulo, assim como também um dos primeiros do país a apresentar tal tipologia.[1]
Considerado o "protótipo" dos arranha-céus de São Paulo - erguido em uma época em que os edifícios da cidade possuíam no máximo quatro pavimentos, o Sampaio Moreira é tombado pelo CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico de São Paulo) devido a sua importância histórica e arquitetônica.[5]
Foi administrado pela família Sampaio Moreira, e utilizado como edifício comercial. Desde sua inauguração, o edifício abriga em seu pavimento térreo a Mercearia Godinho, tradicional estabelecimento comercial de São Paulo, fundado em 1890, então na Praça da Sé.[6]
Nos anos de 1980, um trabalho de recuperação foi feito em sua fachada principal.
Em 2010 o Sampaio Moreira foi desapropriado pela Prefeitura Municipal de São Paulo, e em 2012 foram iniciados trabalhos de recuperação e restauração do edifício.[2]
Importante parte histórica do edifício, em Janeiro de 2013, a mercearia Casa Godinho foi o primeiro estabelecimento comercial a receber o título de patrimônio cultural imaterial da cidade de São Paulo pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo. Graças a ela, o Sampaio Moreira, que a abrigava, recebeu grandes nomes da história brasileira, como Assis Chateaubriand, Adhemar de Barros e Jânio Quadros.[7]
O arranha-céu foi pensado em 1920 e concluído quatro anos depois. Inicialmente, seria um edifício residencial, depois residencial e comercial. Contudo, manteve apenas o uso comercial desde a sua inauguração até o seu fechamento. Durante o seu funcionamento, abrigou escritórios onde trabalharam ourives, advogados, engenheiros e arquitetos.[8]
No ano do fechamento do edifício, em 2010, alguns andares foram disponibilizados para que jovens artistas plásticos montassem ateliês e utilizassem o espaço para criação, proporcionando um novo uso para o local. As obras criadas nesse período chegaram a ser expostas na garagem do prédio. Após previsões para ser reutilizada em 2017[9], o edifício foi reformado e reaberto em setembro de 2018[10][11].
Características arquitetônicas
O Sampaio Moreira foi construído com concreto armado, estrutura que utiliza armações feitas com barras de aço. Possui 5.360 m² de área construída e um terreno de 596 m².[12] Com estilo arquitetônico eclético, dispõe de uma decoração típica do estilo Luís XVI, que mescla o rococó com o neoclassicismo. Sua estrutura é rica em detalhes e a fachada vai se modificando nos diferentes andares. Passou por uma grande reforma estrutural em 1990, mas teve diversas características preservadas, como as escadarias de mármore Carrara e as esquadrias das janelas de pinho de riga, além do pergolado de colunas gregas na cobertura.[13]
Significado histórico e cultural
Na época de sua construção, o prédio chamou muita atenção por sua construção primorosa e detalhada. Representou uma grande revolução arquitetônica para a cidade de São Paulo por ter sido o primeiro edifício alto a ser construído com concreto armado, além de ter sido o pioneiro dos arranha-céus de São Paulo, marcando a paisagem da região central da cidade. Outro destaque do Sampaio Moreira foi a liberação do uso de sua cobertura.[14]
Tombamento
O edifício foi tombado em 1992, como consta na Resolução nº 37/92 do CONPRESP. No documento, foi decidido o tombamento de outros 292 edifícios localizados na área do Vale do Anhangabaú. O Sampaio Moreira ficou classificado no nível de proteção III, que corresponde aos bens de interesse histórico, arquitetônico e paisagístico e determina a preservação de suas características externas. O processo permite a restauração, revitalização e reforma do bem, de acordo com aprovação prévia do CONPRESP.[15]
Estado atual
O projeto de restauração do edifício é do escritório paulista Kruchin Arquitetura. Inicialmente, a reforma foi orçada em 14 milhões de reais e tinha o seu fim previsto para 2016. No entanto, atrasos foram recorrentes e o edifício deve ser reaberto apenas no fim de 2017, completamente restaurado, e as obras já somam 20 milhões. O Sampaio Moreira, em seus treze andares, irá se tornar a nova casa da Secretaria Municipal de Cultura, atualmente localizada na Av. São João, também no Centro.[16]
Em setembro de 2018, o prédio é reaberto e restaurado após 7 anos de reformas,e torna-se a nova sede da Secretaria Municipal de Cultura.[17]
Além disso, também estão previstos para o projeto um auditório, uma praça aberta, um jardim interno e um restaurante na cobertura do edifício, que oferece uma vista avantajada para o Vale do Anhangabaú. Porém, segundo a Prefeitura, nem tudo será entregue na primeira etapa. A praça, por exemplo, que será feita em um terreno de 400 m² anexo ao prédio, deve ficar para a próxima etapa. Apenas o quinto andar, que abrigava o escritório de Christiano Stockler das Neves, será fiel ao antigo Sampaio Moreira. O pavimento se tornará um memorial, no qual até marcas na parede onde Neves dependurava quadros serão mantidas, preservando a história do local até os mínimos detalhes.[16]
Galeria
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Entrada do Edifício Sampaio Moreira
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Edifício Sampaio Moreira
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Edifício Sampaio Moreira em reforma
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Detalhes da parte alta da fachada
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Detalhes em preto-e-branco
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Fachada
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Fachada iluminada durante a tarde no outono
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Primeiros pavimentos e entrada do edifício
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Terraço
Ver também
- Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico
- Conpresp
- São Paulo (cidade)
- Christiano Stockler das Neves
- Casa Godinho
Bibliografia
- HOMEM, Maria Cecília Naclério. O prédio Martinelli: a ascensão do imigrante e a verticalização de São Paulo. São Paulo, Projeto, 1984.
- SOUKEF Junior e RUBINO, Silvana: Estação Júlio Prestes. São Paulo, Prêmio Editorial, 1997.
Referências
- ↑ a b «Edifício Sampaio Moreira». Piratininga.org. Consultado em 2 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 13 de dezembro de 2011
- ↑ a b SPObras. «Edifício Sampaio Moreira passa por recuperação». Prefeitura Municipal de São Paulo. Consultado em 2 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 5 de outubro de 2012
- ↑ «A Grande Família, Info. Históricas». jbCultura. Consultado em 2 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 26 de maio de 2007
- ↑ Cultura, SP (4 de novembro de 2015). «Edifício Sampaio Moreira - SP Cultura». SP Cultura
- ↑ «Resolução nº 37/92» (PDF). Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo. Consultado em 2 de dezembro de 2012
- ↑ Luiz Guilherme Gerbelli (14 de agosto de 2010). «Desapropriados anexos do Sampaio Moreira». O Estado de S. Paulo. Consultado em 2 de dezembro de 2012
- ↑ Beatriz Atihe (9 de maio de 2014). «Primeiro grande prédio de SP, Sampaio Moreira abriga mercearia centenária». iG. Consultado em 5 de outubro de 2016
- ↑ Folha de S.Paulo (18 de janeiro de 2015). «História do Sampaio Moreira». Folha de S.Paulo. Consultado em 5 de outubro de 2016
- ↑ «Edifício Sampaio Moreira deve ser reaberto só em 2017 - ISTOÉ Independente». ISTOÉ Independente. 16 de setembro de 2016
- ↑ «Histórico edifício Sampaio Moreira vira nova sede da Secretaria da Cultura de São Paulo». Prefeitura (em inglês). Consultado em 18 de março de 2024
- ↑ Moretti, Juliene. «Edifício Sampaio Moreira: o primeiro arranha-céu da cidade | Memória». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 18 de março de 2024
- ↑ Dimitri Iurassek. «Edifício Sampaio Moreira». Consultado em 13 de outubro de 2016
- ↑ Abrahão de Oliveira. «O "avô" dos arranha-céus». Consultado em 13 de outubro de 2016
- ↑ «Jornada do patrimônio». Consultado em 20 de outubro de 2016
- ↑ CONPRESP. «Resolução nº. 37/92 do CONPRESP» (PDF). Consultado em 20 de outubro de 2016
- ↑ a b Edison Veiga (16 de setembro de 2016). «Sampaio Moreira, agora, só em 2017». O Estado de S. Paulo. Consultado em 27 de setembro de 2016
- ↑ «Após sete anos em obras, Edifício Sampaio Moreira é reaberto restaurado». VEJA SÃO PAULO (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2020
Precedido por - |
Edifício mais alto do Brasil 1924 - 1929 50 m |
Sucedido por Edifício A Noite |
Precedido por - |
Edifício mais alto da cidade de São Paulo 1924 - 1934 50 m |
Sucedido por Edifício Martinelli |