Chott Melrhir
Chott Melrhir شط ملغيغ | |
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O lago visto em imagem de satélite. Note-se que à época, boa parte do lago já havia secado | |
Localização | |
Coordenadas | |
País | Argélia |
Características | |
Tipo | endorreico salino |
Área * | 6 700 km² |
Bacia hidrográfica | 68 750 km² |
Localização na Argélia | |
* Os valores do perímetro, área e volume podem ser imprecisos devido às estimativas envolvidas, podendo não estar normalizadas. |
Chott Melrhir, Chott Melghir ou Chott Melhir (em árabe: شط ملغيغ) é um lago endorreico de água salgada (chott) no nordeste da Argélia. Na parte mais ocidental consiste numa série de depressões, que se estendem do golfo de Gabès até o Saara. Elas foram criadas entre o Mioceno e o Calabriano como resultado de uma compressão que acompanhou a formação da cordilheira do Atlas.[1] Com uma área máxima de aproximadamente 6700 km2,[2][3] Chott Melrhir é o maior lago da Argélia.[4] Situa-se quase totalmente abaixo do nível do mar e contém o ponto mais baixo do país, -40 metros.[5] O seu tamanho varia ao longo do ano e seu comprimento é de aproximadamente 130 quilômetros (81 mi) de leste a oeste.[6] As cidades mais próximas são Biskra (60 km a nordeste), Uede e Tugurte (85 km ao sul).[7]
Hidrologia, geologia e geografia
Durante o inverno, a estação chuvosa na região, o lago é preenchido pelos numerosos uádis (cursos de água intermitentes), na grande maioria vindos do norte e do noroeste. Os principais são chamados Djedi e Arab[3][8] que correm de oeste a leste pelas encostas das Montanhas de Aurès.[9] Outros cursos incluem Abiod, Beggour Mitta, Biskra, Bir Az Atrous, Cheria, Demmed, Dermoun, Derradj, Djedeida, Djemorah, Halail, Horchane, Ittel, Mechra, Melh, Mzi, Messad, Oum El Ksob, Soukies, Tadmit e Zeribet.[10] Durante o verão, o lago e a maioria dos cursos d'água que nele deságuam secam totalmente e o Chott Melrhir torna-se um deserto de sal.[4][11] A evaporação anual varia entre 9,6 e 20 km3 e a evaporação do solo à volta do lago pode chegar a 14 km3.[3]
O Chott Melrhir é separado de um lago vizinho, denominado Chott Meorouane, que fica a sudoeste, por uma faixa de terra permanentemente seca que chega a um mínimo de 4 quilômetros de largura em alguns pontos.[12] O fundo do lado é composto principalmente de gipsita e lama, ficando coberto por sal durante o verão. O lago possui um odor que remete a alho.[13] Embora o solo seco no lago e à sua volta pareça ser arável, na prática ele é praticamente estéril em função da alta concentração de sal. Pela mesma razão, o solo absorve muita da condensação noturna que o mantém um pouco úmido durante boa parte do dia[14]
Clima
O clima no Chott Melrhir é quente e desértico, com alta evaporação e baixa precipitação. A média das temperaturas mais baixas e mais altas é de 11,4 e 34,2 °C, respectivamente, e a temperatura mínima alcança por volta de 0 °C. A precipitação anual fica abaixo dos 160 mm. Os ventos têm velocidade média entre 2,7 e 5,3 m/s e seguem majoritariamente na direção sudoeste entre junho e setembro e na direção noroeste entre outubro e abril. Tempestades de areia são mais frequentes no inverno e no início do verão, perdurando por 39 dias por ano em média.[3]
Flora e fauna
As águas rasas do lago abrigam vegetação escassa, composta por 72 espécies de plantas que se adaptaram à água salgada: Arthrocnemum subterminale, Limonium, juncos (Juncus), salicórnia (Salicornia), Sarcocornia, papiros (Scirpus) e Suaeda. Algumas espécies existem somente na Argélia e 14 são endêmicas, tais como Fagonia microphylla, Oudneya africana, Zygophyllum cornutum, Limoniastrum feii e Ammosperma cinerea.[3] Elas crescem até 30 cm de altura e fornecem alimento para a relativamente rica avifauna: patos, cortiçóis, houbara-africana (Chlamydotis undulata) e o flamingo-comum (Phoenicopterus roseus).[12][15] As águas do lago têm alta saturação salina, com concentrações que atingem 400 g/L[3] e que sustentam pouquíssimas espécies animais, tais como a artêmia.[16] Javalis selvagens, chacais-dourados, lebres e raposas também foram observados à volta do lado.[3] Em junto de 2003, o Chott Melrhir foi incluído na lista das terras úmidas de importância internacional.[17][18]
Referências
- ↑ Andrew Goudie (2002) Great Warm Deserts of the World: Landscapes and Evolution, Oxford University Press, ISBN 0-19-924515-0, p. 113
- ↑ Benkhaled A.; Bouziane M.T.; Achour B. (Junho de 2008). «Detecting trends in annual discharge and precipitation in the Chott Melghir basin in Southeastern Algeria» (PDF). Larhyss Journal. 7: 103–119. ISSN 1112-3680. Arquivado do original (PDF) em 14 de junho de 2010
- ↑ a b c d e f g Chott Melghir Arquivado em 2009-11-23 no Wayback Machine, Ministere de l'Agriculture. Direction Generale des Forets (in French)
- ↑ a b В. М. Котляков Мельгир (Chott Melrhir), Словарь современных географических названий (Dictionary of modern geographical names), 2003–2006
- ↑ CIA World Factbook 2010 ISBN 1-60239-727-9, p. 10
- ↑ Chott Melrhir, Encyclopædia Britannica on-line
- ↑ Robert Mepham, R. H. Hughes, J. S. Hughes (1992) A Directory of African Wetlands, IUCN, ISBN 2-88032-949-3 pp. 23–24
- ↑ Chott Melhrir Arquivado em 2011-04-05 no Wayback Machine
- ↑ Jean-Louis Ballais. Des oueds mythiques aux rivières artificielles: l'hydrographie du Bas-Sahara algérien. [S.l.: s.n.]
- ↑ Annales des mines: Mémoires, Cadrilian-Gœury et Vor. Dalmont, 1880 pp. 154, 159, 172
- ↑ Algérie. États et Territoires (in French)
- ↑ a b Robert Mepham, R. H. Hughes, J. S. Hughes (1992) A Directory of African Wetlands[3], IUCN, ISBN 2-88032-949-3 pp. 23–24
- ↑ The Annals and Magazine of Natural History: Including Zoology, Botany, and Geology, Taylor and Francis (1871) p. 377
- ↑ Henry Woodward Geological Magazine, Volume 1, Cambridge University Press., 1864, p. 28
- ↑ Erik Carp (1980) Directory of Wetlands of International Importance in the Western Palearctic, IUCN, ISBN 2-88032-300-2, p. 28
- ↑ «Large branchiopods (Branchiopoda: Anostraca, Notostraca and Spinicaudata) from the salt lakes of Algeria» (PDF). J. Limnol. 65
- ↑ The List of Wetlands of International Importance, p. 5
- ↑ «Chott Melghir». Ramsar Sites Information Service. Consultado em 25 de abril de 2018