Línguas coissãs
As línguas coissãs ou coisãs,[1] também chamadas khoisan,[2] são um agrupamento de línguas africanas, composto por pelo menos três famílias linguísticas (khoe, tx'a e taa) e duas línguas isoladas (sandawe e hadza). [3]
História
Quando os europeus chegaram à África Austral e começaram a escrever sobre os seus povos, estas línguas eram faladas quase só pelos coissãs do extremo sudoeste de África, que foram apelidados de bosquímanos (homens do mato) e hotentotes.
Hoje em dia, as línguas coissãs são faladas apenas nas imediações do deserto do Calaári (Angola, Namíbia, Botsuana e África do Sul) e numa região limitada da Tanzânia e estão a tornar-se extremamente raras, havendo inclusivamente conhecimento de algumas que se extinguiram. A maioria destas línguas não têm registos escritos. As línguas hadza e sandawe, do Quénia, são geralmente classificadas como coissãs, mas encontram-se extremamente distantes, tanto linguística como geograficamente das restantes. As línguas mais faladas dos coissãs são kwadi e sandawe.
Linguística
As línguas coissãs caracterizam-se pelo uso de cliques como fonemas - a língua kung-ekoka possui mais de 50 consoantes-clique em mais de 140 fonemas separados e a língua ǃxóõ tem um enorme reportório de fonemas, que incluem vários sons estridentes e faríngeos.
Gramaticamente, as línguas coissãs são, em geral, isolantes. Os sufixos são usados com frequência, mas a ordem das palavras é usada com mais frequência que a inflexão.
Influência na cultura ocidental
A cultura ocidental tomou conhecimento destas línguas a partir do filme de 1984, Os Deuses Devem Estar Loucos, de Jamie Uys.
Outras línguas com cliques
As únicas outras línguas que usam cliques como fonemas são as línguas bantu do grupo das línguas angunes, como xossa e zulu na África do Sul, sesoto (também falada na África do Sul e no Lesoto), a língua dahalo que pertence à família das línguas cuxíticas do sul, e uma língua cerimonial artifical chamada damin, falada por alguns aborígenes da Austrália. Com exceção da língua damin, pensa-se que as restantes tenham adoptado o uso dos cliques das populações coissãs delas vizinhas.
Referências
- ↑ Paulo Correia; Direção-Geral da Tradução — Comissão Europeia (Outono de 2012). «Etnónimos, uma categoria gramatical à parte?» (PDF). Sítio Web da Direção-Geral de Tradução da Comissão Europeia no portal da União Europeia. a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (N.º 40): 28. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2013
- ↑ «Khoisan». Michaelis On-Line. Consultado em 7 de maio de 2022
- ↑ Güldemann, Tom (15 de agosto de 2014). «'Khoisan' linguistic classification today». Beyond 'Khoisan' (em inglês): 1–40. Consultado em 7 de maio de 2022