Hipopótamo-anão-do-chipre
Hipopótamo-anão-do-chipre | |||||||||||||
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Ocorrência: Pleistoceno ao Holoceno | |||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||
Hippopotamus minor Desmarest, 1822[1] |
O Hipopótamo-anão-do-chipre (Hippopotamus minor) é uma espécie extinta de hipopótamo que teve como habitat a ilha de Chipre até ao Holoceno.
O hipopótamo-anão-do-chipre pesava cerca de 200 kg, aproximadamente o mesmo peso do ainda existente hipopótamo-pigmeu. Contudo, de forma diferente deste, o hipopótamo-anão tornou-se menor devido ao processo de nanismo insular, o mesmo que terá originado o nanismo em alguns elefantes-pigmeus, no mamute-pigmeu, e no Homo floresiensis. Estima-se que mediria em média 76 cm de altura e 121 cm de comprimento.[2]
Hippopotamus minor é a menor das espécies de hipopótamos insulares conhecidas. O seu extremamente baixo porte leva a crer que a colonização terá ocorrido no Pleistoceno Médio ou mesmo no Pleistoceno Inferior, embora não haja dados muito fiáveis.[3] Por altura da sua extinção, há 11000 a 9 000 anos atrás, o hipopótamo-anão-do-chipre era, porém, o animal de maior porte da ilha de Chipre, herbívoro e sem predadores naturais.[4]
Sítios arqueológicos no Chipre, e em particular em Aetokremnos evidenciam que o hipopótamo-anão-do-chipre pode ter convivido com os primeiros seres humanos a colonizar a ilha, e que os terão levado à extinção.[5][6][7]
Um espécie semelhante, de hipopótamo, o Hipopótamo-pigmeu-de-creta (Hippopotamus creutzburgi) viveu na ilha de Creta, mas extinguiu-se durante o Pleistoceno.
Nome alternativo
Muitos cientistas mantêm o nome Phanourios minor para esta espécie. Este nome genérico foi dado por Paul Sondaar e Bert Boekschoten em 1972,[8] com base nos restos encontrados em Agios Georgios, Chipre, no sítio onde foi edificada uma capela dedicada a São Fanório, sobre um estrato rochoso fossilífero (brecha ossífera). Durante séculos, como já era mencionado por Bordone no século XVI,[9] os aldeãos acorriam aí para recolher alguns desses ossos, considerados como relíquias sagradas, já que acreditavam que eram os restos petrificados do santo já referido, venerado pelos Gregos Ortodoxos e que, de acordo com a mitologia local, teria fugido da Síria para escapar aos seus perseguidores, acabando por naufragar na rochosa costa de Chipre. Os ossos recolhidos eram moídos, de modo a produzir um pó com supostas virtudes medicinais. De modo a honrar a memória destas tradições e o local, Sondaar e Boekschoten nomearam o novo género de Phanourios, de acordo com a forma de escrever grega. Deram também o nome específico da espécie minutus, mudado posteriormente para minor, de acordo com as regras de prioridade na escolha do nome científico.
Referências
- ↑ Desmarest, A.G., 1822. Mammalogie ou description des espèces de mammifères. Mme Veuve Agasse imprimeur édit., Paris, 2ème part., pp.277-555.
- ↑ Hadjicostis, Menelaos (13 de março de 2016). «Dwarf Hippo Fossils Found on Cyprus». Fox Television. The Associated Press. Consultado em 6 de dezembro de 2007
- ↑ Van der Geer A., Lyras G., De Vos J., Dermitzakis M. 2010. Evolution of Island Mammals: Adaptation and Extinction of Placental Mammals on Islands. Wiley-Blackwell, página 40
- ↑ Burness, G. P.; Diamond, J.; Flannery, T. (4 de dezembro de 2001). «Dinosaurs, dragons, and dwarfs: The evolution of maximal body size». Proceedings of the National Academy of Sciences. 98 (25): 14518–14523. ISSN 0027-8424. JSTOR 3057309. PMC 64714. PMID 11724953. doi:10.1073/pnas.251548698. Consultado em 28 de janeiro de 2012
- ↑ The earliest prehistory of Cyprus from colonization to exploitation, ed. Swiny, Stuart, American Schools of Oriental Research, 2001, In PDF
- ↑ Simmons, A. H. (1999). Faunal extinction in an island society: pygmy hippopotamus hunters of Cyprus. Col: Interdisciplinary Contributions to Archaeology. [S.l.]: Kluwer Academic/Plenum Publishers. 382 páginas. ISBN 978-0306460883. OCLC 41712246. doi:10.1007/b109876
- ↑ Simmons, A. H.; Mandel, R. D. (dezembro de 2007). «Not Such a New Light: A Response to Ammerman and Noller». World Archaeology. 39 (4): 475–482. JSTOR 40026143. doi:10.1080/00438240701676169
- ↑ Boekschoten G.J., Sondaar P.Y. 1972. On the fossil mammalia of Cyprus, I & II. Proceedings of the Koninklijke Nederlandse Akademie van Wetenschappen (Series B), 75 (4): 306–38.
- ↑ Bordone B. 1528. Libro di Benedetto Bordone. Nel qual si ragiona di tutte l'Isole del mondo, con li lor nomi antichi & moderni, historie, favole, & modi del loro vivere. Niccolo Zoppino, Venice. In facsimile, Edizioni Aldine, Modena, 1982.