Escrófula
Linfadenite cervical Mycobacterial | |
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Escrófula do pescoço | |
Especialidade | infecciologia |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | A18.4 |
CID-9 | 017.2 |
CID-11 | 870345553 |
DiseasesDB | 31259 |
MedlinePlus | 001354 |
eMedicine | ent/524 |
MeSH | D014388 |
Leia o aviso médico |
Escrófula, é o termo vulgar da patologia Linfadenite Cervical Micobacteriana, referindo-se a uma linfadenite cervical dos linfonodos associados à tuberculose, assim como as não tuberculosas (em casos atípicos) micobacterianas.[1]
Também designada popularmente de alporca ou alporque.[2] É uma afecção mórbida geral do organismo, dando lugar a várias moléstias, quase todas de natureza tuberculosa, sobretudo dos gânglios linfáticos (adenites tuberculosas), principalmente do pescoço, da pele e das mucosas, com tendência à cronicidade, à supuração e à ulceração. (Dr. Nilo Cairo — Guia de Medicina)
Na Idade Média, esta doença chegou a ser conhecida como “mal do rei” pois nessa altura acreditava-se que os reis tinham capacidade de cura, por terem sido escolhidos por Deus para exercerem o cargo de monarcas, e para isso faziam uso do chamado "toque real" para os seus súbitos.[3]
Doença
Escrófula ou escrófulo ou alporca[4] é o termo utilizado para a linfadenopatia do pescoço, como resultado da infecção nos gânglios linfáticos ou linfonodos submandibular e cervical, conhecidos como linfadenite. Ela pode ser causada por micobactérias tuberculosas, ou não. Cerca de 95% dos casos em adultos, a escrófula é causadas por Mycobacterium tuberculosis, na maioria das vezes em pacientes imunodeficientes (cerca de 50% dos casos de linfadenopatia tuberculosa cervical). Em crianças imunodeficientes, escrófula é adquirida por micobactéria atípica (Mycobacterium scrofulaceum) e outras micobactérias não tuberculosas (MNT). Ao contrário dos casos em adultos, apenas 8% dos casos em crianças são tuberculosa. Com a forte diminuição da tuberculose na segunda metade do século 20, escrófula tornou-se uma doença menos comum em adultos, mas manteve-se comum em crianças. Com o surgimento da AIDS, no entanto, ele mostrou um ressurgimento, e atualmente afeta cerca de 5% dos pacientes com imunodeficiência.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas mais comuns são o aparecimento de uma massa crônica e indolor no pescoço, que é persistente e geralmente cresce com o tempo. A massa é chamada de "abscesso frio", porque não há cor ou calor local e a pele sobrejacente adquire uma cor violácea (roxo-azulada). As infecções por MNT não apresentam outros sintomas constitucionais notáveis, mas a escrófula causada pela tuberculose geralmente é acompanhada por outros sintomas da doença, como febre, calafrios, mal-estar e perda de peso em cerca de 43% dos pacientes. À medida que a lesão progride, a pele fica aderida à massa e pode se romper, formando um seio e uma ferida aberta. O resultado fatal que alguns pacientes experimentaram em tempos anteriores foi devido a uma apresentação semelhante a queijo dos pulmões e às lesões do Mal do Rei. Também foi associada à tuberculose pulmonar.[5]
A linfadenite cervical é comumente causada por uma infecção de micobactérias na região da cabeça. Esta doença é muito inconsistente; casos podem ter diferentes achados laboratoriais. Às vezes, a doença pode ocorrer devido à doença da tuberculose. No entanto, é vital que, caso a caso, seja determinado se a causa é micobactéria tuberculosa ou não tuberculosa, pois o tratamento geralmente difere entre as duas formas.[6]
Diagnóstico
O diagnóstico geralmente é realizado por biópsia aspirativa por agulha ou biópsia excisional da massa e demonstração histológica de bactérias álcool-ácido resistentes coráveis no caso de infecção por M. tuberculosis (coloração de Ziehl-Neelsen), ou cultura de MNT usando técnicas específicas de crescimento e coloração.[7]
Patologia
O padrão histológico clássico da escrófula apresenta granulomas caseosos com necrose acelular central (necrose caseosa) circundados por inflamação granulomatosa com células gigantes multinucleadas. Embora a linfadenite tuberculosa e não tuberculosa sejam morfologicamente idênticas, o padrão é um pouco distinto de outras causas de linfadenite bacteriana.[7]
Referências
- ↑ Dicionário de Termos Médicos. «Escrófula»
- ↑ «Alporca». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. 2008–2021. Consultado em 19 de dezembro de 2021
- ↑ Toque Real: O “milagre” nas mãos dos reis que garantiu a estabilidade da monarquia medieval, ZAP, por Ana Isabel Moura, 28 de Outubro de 2021
- ↑ «Significado de Alporca». Consultado em 18 de junho de 2019
- ↑ Duarte G, Ignacio; Chuaqui F, Claudia (abril de 2016). «History of scrofula: from humoral dyscrasia to consumption». Revista médica de Chile (4): 503–507. ISSN 0034-9887. doi:10.4067/S0034-98872016000400012. Consultado em 25 de agosto de 2024
- ↑ Bayazıt, Yıldırım A.; Bayazıt, Nurhayat; Namiduru, Mustafa (30 de novembro de 2004). «Mycobacterial Cervical Lymphadenitis». ORL (5): 275–280. ISSN 0301-1569. doi:10.1159/000081125. Consultado em 25 de agosto de 2024
- ↑ a b Nunes Rosado, Flavia G.; Stratton, Charles W.; Mosse, Claudio A. (1 de novembro de 2011). «Clinicopathologic Correlation of Epidemiologic and Histopathologic Features of Pediatric Bacterial Lymphadenitis». Archives of Pathology & Laboratory Medicine (em inglês) (11): 1490–1493. ISSN 0003-9985. doi:10.5858/arpa.2010-0581-OA. Consultado em 25 de agosto de 2024
Ligações externas
- Pinheiro, Bruno Ricardo Gomes; Cantharino, Bruno; Reis, Sílvia de Almeida; Martins, Gabriela Botelho; Setúbal, Miguel Gustavo. (Setembro de 2007). «Escrófula: relato de caso»</ref>
- https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/significado-de-alporca/32010