4.ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha
4.ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha | |
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País | Brasil |
Estado | Minas Gerais |
Corporação | Exército Brasileiro |
Subordinação | 1.ª Divisão de Exército |
Missão | Infantaria de montanha |
Denominação | Brigada 31 de Março |
Sigla | 4ª Bda Inf L Mth |
Criação | 1908 |
Cores | Cinza |
Logística | |
Efetivo | 4.400[1] |
Sede | |
Guarnição | Juiz de Fora |
Página oficial | http://www.4bdainflmth.eb.mil.br/ |
A 4.ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha (4.ª Bda Inf L Mth) é uma grande unidade do Exército Brasileiro sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais e subordinada à 1.ª Divisão de Exército, no Rio de Janeiro. Tem organização quaternária, com o 10°, 11°, 12° e 32° batalhões de infantaria, abrangendo todas as unidades formadoras de combatentes de montanha do Exército. A especialização do 11° nesse ambiente é a mais antiga (1992). Os demais só receberam a designação de montanha em 2019, e a brigada como um todo, em 2013. O ambiente de montanha impõe dificuldades às operações militares. A topografia brasileira é mais modesta do que a de outros países com forças especializadas nesse ambiente, mas ainda deixa possibilidades para o montanhismo militar. A brigada tem treinamento e material especializados e é identificada pela boina cinza.
O comando está em Minas Gerais desde 1919. Sua denominação de “Brigada 31 de Março” é referência à sua participação no golpe de Estado de 1964, quando era conhecida como a “Infantaria Divisionária da 4ª Divisão de Infantaria” e sediada em Belo Horizonte.
O montanhismo no Exército
Referências no exterior
As regiões montanhosas têm longa presença na história militar mundial. As operações nesse ambiente são difíceis e desgastantes. Ele possui mobilidade restrita, canalizando o movimento a passos, vales e zonas de passagem; estradas precárias; pontos altos cujo controle é decisivo; e clima e vegetação variados, podendo opor mais dificuldades onde há temperaturas negativas. Os defensores têm vantagem. Os exércitos frequentemente evitam as montanhas em seus movimentos, mas vários desenvolveram doutrina militar e forças especializadas nesse ambiente, como os Alpini italianos, Gebirgsjäger [de] alemães, austríacos e suíços e a 10th Mountain Division [en] americana. Na Europa, essas forças existem em regiões fronteiriças dos Alpes, e na América do Sul, dos Andes. Elas geralmente usam pequenos efetivos em operações descentralizadas, com intenso preparo físico, marchas de longa distância e equipamento próprio para escaladas. Quanto maior a altitude, mais habilidades são exigidas.[2]
Características brasileiras
Localizado no centro da placa sul-americana, o Brasil é de formação geológica antiga e intemperizada, sem grandes cadeias montanhosas.[3] Para a classificação andina, possui somentes ambientes de baixa e média montanha estival. Ainda assim, o Exército Brasileiro tem suas forças especializadas.[4] A formação de uma brigada inteira de montanha teve como possível dificuldade justamente a dúvida sobre sua utilidade no teatro de operações nacional. No caso do emprego no estrangeiro, os montanhistas militares brasileiros não têm especialização para o combate na neve, à exceção de alguns oficiais que treinaram para tanto na Argentina e no Chile.[5] Um general da reserva especulou em 2015 que a brigada em Juiz de Fora deveria ser de infantaria mecanizada, e “o Brasil não precisa de mais de um Btl [batalhão] de Montanha”.[6]
Na classificação militar brasileira, os especialistas são necessários na média montanha (altitudes de 1.500–2.500 metros), correspondendo a 21,5% do território nacional, e alta montanha (acima de 2.500 m), com 0,5% do território. O país tem grandes faixas de planaltos delimitadas por escarpas. Quando as escarpas são pedregosas, as técnicas de montanhismo também podem ser usadas.[7] O importante não é a altitude, mas a necessidade de métodos especializados. Muitas seções da BR-040 e BR-101, por exemplo, podem ser dominadas por alcantis, paredões rochosos ou outros acidentes no seu entorno. Além da guerra convencional, são hipóteses de emprego a contrainsurgência, missões internacionais, combate ao crime organizado, busca e salvamento e resposta a desastres naturais.[8] A brigada é sediada em Minas Gerais, estado de terreno acidentado, vantajoso para a defesa, e posição central no país.[9][6]
A infantaria de montanha brasileira está organizada em batalhões considerados particularmente aptos para a infiltração. Eles têm reduzida capacidade de sustentar operações prolongadas e são vulneráveis em terreno aberto e sob ataque blindado ou aéreo. Seu movimento é a pé.[4] Alguns estágios aeromóveis preparam a infantaria para operar em helicópteros, que são convenientes no ambiente de montanha.[10] Como brigada leve, seus efetivos podem ser facilmente aerotransportados. Em 2019, 80% eram profissionais, segundo seu comandante.[1] A formação de recursos humanos ocorre no Estágio Básico de Combatente de Montanha, Estágio de Auxiliar do Guia de Cordada, Curso Básico de Montanhismo e Curso Avançado de Montanhismo.[11] A brigada usa o fuzil IMBEL IA2 e tem vestuário próprio.[12] Itens como o gorro, capacete, coifa ou boina cinza distinguem os militares da brigada e têm valor psicológico.[13][14] A cor cinza é tradicional em unidades de montanha.[4]
O Comando de Operações Especiais, a 12.ª Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel) e a Brigada de Infantaria Paraquedista também realizam treinamentos de montanha. Em campanha, podem depender de especialistas da 4ª Brigada para operar com plena capacidade nesse ambiente.[15]
História
A brigada traça seu ponto de partida à 4ª Brigada Estratégica de 1908, em São Gabriel, Rio Grande do Sul.[16] As “brigadas estratégicas” deram lugar em 1915 a divisões com duas brigadas cada,[17] uma das quais, a 4ª Brigada de Infantaria, constituía com a 3ª Brigada a 2ª Divisão de Exército em São Paulo.[18] Renumerada 8ª Brigada de Infantaria, foi a Belo Horizonte em 1919.[19] Ali compunha, juntamente com a 7ª brigada, a 4ª Divisão de Infantaria. A 7ª brigada tinha o 10º e 11º Regimentos de Infantaria, respectivamente em Juiz de Fora e São João Del-Rey, enquanto a 8ª tinha o 12º regimento, em Belo Horizonte, e o 10º, 11º e 12º Batalhões de Caçadores.[20] As Brigadas de Infantaria deram lugar às Infantarias Divisionárias (ID) em 1938. A ID da 4ª Divisão de Infantaria era composta dos três regimentos de infantaria mineiros.[21]
A Infantaria Divisionária tornou-se Subcomando da 4ª Divisão de Infantaria em 1946, mas ressurgiu em 1952 em São João del-Rei, retornando em 1956 a Belo Horizonte.[22] “Por sua reconhecida participação no desencadear da Revolução Democrática de 1964”, nas palavras de seu histórico oficial, a Brigada é chamada “31 de Março”.[16] Carlos Luís Guedes, seu comandante no início dos anos 60, destacou-se na conspiração que levou ao golpe de Estado de 1964, sendo subordinado ao general Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Divisão. O comando da ID em Belo Horizonte estava no centro das comunicações e próximo ao poder político. Os três regimentos de infantaria mineiros estiveram na dianteira desde o início do golpe em 31 de março. O 10°, 11° e metade do 12° estiveram no Destacamento Tiradentes, na direção da Guanabara, e a outra metade do 12° esteve na direção de Brasília (no Destacamento Caicó). Guedes ficou em Belo Horizonte. O comando do Destacamento Tiradentes em campanha ficou com o general Antônio Carlos Muricy.[23]
Nas reformas dos anos 70 as Infantarias Divisionárias deram lugar a brigadas, que ganhavam ênfase como as Grandes Unidades do Exército, dotadas de elementos de manobra e de apoio. A ID da 4ª Divisão de Infantaria foi reorganizada como a 4ª Brigada de Infantaria, e seus três regimentos de infantaria tornaram-se batalhões. O 10º e 11º regimentos até então só tinham um batalhão. O 12º regimento, que tinha dois, foi desmembrado no 12º e 55º Batalhões de Infantaria (BIs). A brigada recebeu elementos de cavalaria mecanizada, artilharia, engenharia, comunicações e logística. Ela permanecia subordinada à 4ª Divisão, agora conhecida como a 4ª Divisão de Exército (DE).[24] Em 1985 ela tornou-se de infantaria motorizada.[25] Em algum ponto após 1980, o 12º e 55º batalhões deixaram de pertencer à brigada.[a] Por outro lado, em 1991 foi incorporado o 32° batalhão, de Petrópolis.[26]
Em 1977 o Estado-Maior do Exército escolheu o 11° batalhão para desenvolver o montanhismo militar. Ela se tornaria a mais importante das unidades montanhistas,[4] sendo transformada no 11° Batalhão de Infantaria de Montanha em 1992, primeira unidade desse tipo.[27] Na mesma década surgiram outras unidades especializadas no terreno, como de caatinga e Pantanal. A especialização da 4ª brigada inteira estava nos projetos Força Terrestre 1990 e 2000, mas havia poucos recursos para os planos e ela não foi prioridade.[28][5] A sede da brigada foi transferida a Juiz de Fora em 1997.[16] A 4ª DE deixou de existir em 2007,[29] e a brigada foi transferida à 1ª Divisão de Exército.[16]
Finalmente, em 2013 a brigada tornou-se de Infantaria Leve - Montanha, mas até então tinha apenas o 11° batalhão como de montanha. Os outros dois (10° e 32°) foram designados como leves no ano seguinte.[30] Em 2019, todos os batalhões tornaram-se de montanha[31] e o 12º batalhão foi reincorporado, agora também designado como infantaria leve de montanha.[32]
Organização
A brigada é quaternária, isto é, composta de quatro batalhões de infantaria, e abrange todas as unidades que formam combatentes de montanha.[33][32] A maior particularidade dos batalhões é um pelotão de reconhecimento com pessoal especializado.[4] Além deles, o 4º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado opera viaturas blindadas de reconhecimento. Sua estrutura é a mesma de antes da especialização da brigada, e portanto, enfrenta diversas restrições no ambiente de montanha.[34] O apoio de fogo é fornecido pelo 4º Grupo de Artilharia de Campanha Leve de Montanha, o estabelecimento e manutenção de comunicações, pela 4.ª Companhia de Comunicações Leve de Montanha, e o apoio logístico, pelo 17.º Batalhão Logístico Leve de Montanha.[33] Esses materiais ainda eram em 2019 os mesmos de uma brigada de infantaria motorizada, apesar das exigências diferentes do ambiente de montanha.[35] A brigada não tem elementos de engenharia e artilharia antiaérea.[33]
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Notas
- ↑ O pertencimento em 1980 é registrado em Pedrosa 2018, Apêndice 4. O histórico do 12° menciona como ele “teve sua subordinação revertida à 4ª Brigada” em 2019. O 55° é atualmente subordinado diretamente à 4ª Região Militar.
Referências
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- ↑ Silva, Thiago Tadeu de Resende (2021). Possibilidades da 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha para atuação no combate moderno (PDF) (Projeto de pesquisa em Ciências Militares). Rio de Janeiro: ECEME. Consultado em 2 de outubro de 2022. p. 22-30.
- ↑ Magalhães, Rodrigo (2018). A 4ª Brigada de Infantaria Leve (Mth) e as principais lições aprendidas pelos países membros da OTAN em operações militares contemporâneas (PDF) (Especialização em Ciências Militares). Rio de Janeiro: ECEME. p. 8.
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- ↑ Silva 2021, p. 67.
- ↑ Silva 2021, p. 36-37.
- ↑ Meireles, Michele (2 de maio de 2019). «Militares de Juiz de Fora passam a usar boina de cor cinza». Tribuna de Minas. Consultado em 2 de outubro de 2022
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- ↑ Magalhães 2019, p. 24.
- ↑ «Organização e Articulação». 4ª Bda Inf L Mth. 18 de junho de 2021. Consultado em 5 de outubro de 2022