Segunda Guerra Mundial
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A Segunda Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo — incluindo todas as grandes potências — organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. Em estado de "guerra total", os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica a serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais letal da história da humanidade, resultando entre 50 a mais de 70 milhões de mortes.[1]
Geralmente considera-se o ponto inicial da guerra como sendo a invasão da Polônia pela Alemanha Nazista em 1 de setembro de 1939 e subsequentes declarações de guerra contra a Alemanha pela França e pela maioria dos países do Império Britânico e da Commonwealth. Alguns países já estavam em guerra nesta época, como Etiópia e Reino de Itália na Segunda Guerra Ítalo-Etíope e China e Japão na Segunda Guerra Sino-Japonesa.[2] Muitos dos que não se envolveram inicialmente acabaram aderindo ao conflito em resposta a eventos como a invasão da União Soviética pelos alemães e os ataques japoneses contra as forças dos Estados Unidos no Pacífico em Pearl Harbor e em colônias ultra marítimas britânicas, que resultou em declarações de guerra contra o Japão pelos Estados Unidos, Países Baixos e o Commonwealth Britânico.[3][4]
A guerra terminou com a vitória dos Aliados em 1945, alterando significativamente o alinhamento político e a estrutura social mundial. Enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) era estabelecida para estimular a cooperação global e evitar futuros conflitos, a União Soviética e os Estados Unidos emergiam como superpotências rivais, preparando o terreno para uma Guerra Fria que se estenderia pelos próximos quarenta e seis anos (1945–1991). Nesse ínterim, a aceitação do princípio de autodeterminação acelerou movimentos de descolonização na Ásia e na África, enquanto a Europa ocidental dava início a um movimento de recuperação econômica e integração política.
Cronologia
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O primeiro dia de setembro de 1939 é geralmente considerado o início da guerra, com a invasão alemã da Polônia; o Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha nazista dois dias depois. Outras datas para o início da guerra incluem o início da Segunda Guerra Sino-Japonesa, em 7 de julho de 1937.[5][6]
Outros seguem o historiador britânico A. J. P. Taylor, que considerava que a Guerra Sino-Japonesa e a guerra na Europa e em suas colônias ocorreram de forma simultânea e posteriormente se fundiram em 1941. Este verbete utiliza a data convencional. Outras datas por vezes utilizadas para o início da Segunda Guerra Mundial incluem a invasão italiana da Abissínia em 3 de outubro de 1935.[7][nota 1] O historiador britânico Antony Beevor vê o início da Segunda Guerra Mundial nas batalhas de Khalkhin Gol, travadas entre o Império do Japão e a União Soviética de maio a setembro de 1939.[9]
Também não existe consenso quanto à data exata do fim da guerra. Tem sido sugerido que a guerra terminou no armistício de 14 de agosto de 1945 (Dia V-J), ao invés da rendição formal do Japão em 2 de setembro de 1945; alguns apontam o fim da guerra no dia 8 de maio de 1945 (Dia V-E). No entanto, o tratado de paz com o Japão não foi assinado até 1951,[10] enquanto o acordo de paz com a Alemanha não foi ratificado até 1990.[11]
Antecedentes
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A Primeira Guerra Mundial alterou radicalmente o mapa geopolítico da Europa, com a derrota dos Impérios Centrais (Áustria-Hungria, Alemanha e Império Otomano) e a tomada do poder pelos bolcheviques em 1917 na Rússia. Os aliados vitoriosos, como França, Bélgica, Itália, Grécia e Romênia ganharam territórios, enquanto novos Estados foram criados a partir do colapso da Áustria-Hungria e dos impérios russo e otomano. Apesar do movimento pacifista após o fim da guerra,[13][14] as perdas causaram um nacionalismo irredentista e revanchista em vários países europeus. O irredentismo e revanchismo eram fortes na Alemanha por causa das significativas perdas territoriais, coloniais e financeiras incorridas pelo Tratado de Versalhes. Pelo tratado, a Alemanha perdeu cerca de 13% do seu território e todas as suas colônias ultramarinas, foi proibida de anexar outros Estados, teve que pagar indenizações e sofreu limitações quanto ao tamanho e a capacidade das suas forças armadas.[15] Enquanto isso, a Guerra Civil Russa levava à criação da União Soviética.[16]
O Império Alemão foi dissolvido durante a Revolução Alemã de 1918–1919 e um governo democrático, mais tarde conhecido como República de Weimar, foi criado. O período entreguerras foi marcado pelo conflito entre os partidários da nova república e de opositores radicais, tanto de direita quanto de esquerda. Embora a Itália como aliado Entente tenha feito alguns ganhos territoriais, os nacionalistas do país ficaram irritados com as promessas feitas pelo Reino Unido e França para garantir a entrada italiana na guerra, que não foram cumpridas com o acordo de paz. De 1922 a 1925, o movimento fascista, liderado por Benito Mussolini, tomou o poder na Itália com uma agenda nacionalista, totalitária e de colaboração de classes, que aboliu a democracia representativa, reprimiu os socialistas, a esquerda e as forças liberais, e seguiu uma política externa agressiva destinada a forjar, através da força, o país como uma potência mundial — um "Novo Império Romano"[17] (ver: Grande Itália).
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Adolf Hitler, depois de uma tentativa fracassada de derrubar o governo alemão em 1923, tornou-se o chanceler da Alemanha em 1933. Ele aboliu a democracia, defendendo uma revisão radical e racista da ordem mundial, e logo começou uma campanha de rearmamento massivo do país.[18] Enquanto isso, a França, para assegurar a sua aliança, permitiu que a Itália agisse livremente na Etiópia, país que o governo italiano desejava como uma posse colonial. A situação se agravou no início de 1935, quando o Território da Bacia do Sarre foi legalmente anexado à Alemanha e Hitler repudiou o Tratado de Versalhes, acelerando seu programa de rearmamento e recrutamento.[19] Na Alemanha, o partido nazista, liderado por Adolf Hitler, procurou estabelecer um Estado nazista no país. Com o início da Grande Depressão, o apoio doméstico aos nazistas fortaleceu-se e, em 1933, Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha. Após o incêndio no Palácio do Reichstag, Hitler conseguiu criar um governo unipartidário e totalitário liderado pelos nazistas.[20]
Na China, o partido Kuomintang (KMT) lançou uma campanha de unificação contra os líderes militares regionais (os chamados senhores da guerra da China) e o país unificou-se em meados de 1920, mas logo viu-se envolvido em uma guerra civil contra seus antigos aliados comunistas.[21] Em 1931, o cada vez mais militarista Império Japonês, começou a buscar influência na China[22] como sendo o primeiro passo visto pelo governo para obter o direito do país em governar a Ásia como afirmava o slogan político Hakkō ichiu ("todos sobre o mesmo teto"). Os japoneses usaram o incidente de Mukden como pretexto para lançar uma invasão da Manchúria e estabelecer o Estado fantoche de Manchukuo.[23]
Muito fraca para resistir ao Japão, a China apelou à Liga das Nações por ajuda. O Japão retirou-se desta organização internacional após ser condenado por sua incursão na Manchúria. As duas nações passaram a enfrentar-se em várias batalhas, em Xangai, Rehe e Hebei, até a Trégua de Tanggu ser assinada em 1933. Depois disso, forças voluntárias chinesas continuaram a resistência à agressão japonesa na Manchúria, Chahar e Suiyuan.[24]
Na esperança de conter a Alemanha, o Reino Unido, a França e a Itália formaram a Frente de Stresa. A União Soviética, preocupada com os objetivos da Alemanha de ocupar vastas áreas do leste da Europa, escreveu um tratado de assistência mútua com a França. Antes de tomar efeito, porém, o pacto franco-soviético foi obrigado a passar pela burocracia da Liga das Nações, que o tornou essencialmente sem poder.[25][26] No entanto, em junho de 1935, o Reino Unido fez um acordo naval independente com a Alemanha, flexibilizando as restrições anteriores. Os Estados Unidos, preocupados com os acontecimentos na Europa e na Ásia, aprovaram a Lei de Neutralidade em agosto.[27] Em outubro, a Itália invadiu a Etiópia e a Alemanha foi o único grande país europeu que apoiou essa invasão. O governo italiano posteriormente abandonou as suas objeções com relação às metas da Alemanha de dominar a Áustria.[28]
Hitler desafiou os tratados de Versalhes e de Locarno com a remilitarização da Renânia, em março de 1936. Ele recebeu pouca resposta de outras potências europeias.[29] Quando a Guerra Civil Espanhola começou em julho, Hitler e Mussolini apoiaram as forças nacionalistas fascistas e autoritárias em guerra civil contra a República Espanhola, esta última era apoiada pela União Soviética. Os dois lados usaram o conflito para testar novas armas e métodos de guerra,[30] tendo os nacionalistas como vencedores no início de 1939. Em outubro de 1936, Alemanha e Itália formaram o Eixo Roma-Berlim. Um mês depois, a Alemanha e o Japão assinaram o Pacto Anticomintern, com a adesão da Itália no ano seguinte. Na China, após o incidente de Xi’an o Kuomintang e as forças comunistas concordaram com um cessar-fogo, com o objetivo de apresentar uma frente unida para se opor à invasão japonesa.[31]
Eventos pré-guerra
Invasão italiana da Etiópia (1935)
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A Segunda Guerra Ítalo-Etíope foi uma breve guerra colonial, que começou em outubro de 1935 e terminou em maio de 1936. A guerra foi travada entre as forças armadas do Reino da Itália (Regno d'Italia) e as forças armadas do Império Etíope (também conhecido como Abissínia). A guerra resultou na ocupação militar da Etiópia e na sua anexação à recém-criada colônia da África Oriental Italiana (Africa Orientale Italiana ou AOI); além disso, expôs a fraqueza da Liga das Nações como uma força de manutenção da paz. Tanto a Itália quanto a Etiópia eram países membros da organização, mas a Liga não fez nada quando a guerra claramente violou o seu Décimo Artigo da Convenção.[32]
Guerra Civil Espanhola (1936–1939)
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A Alemanha e a Itália deram apoio à insurreição nacionalista liderada pelo general Francisco Franco na Espanha. A União Soviética apoiou o governo existente, a República Espanhola, que apresentava tendências esquerdistas. Ambos os lados usaram a guerra como uma oportunidade para testar armas e táticas melhores. O bombardeio de Guernica, uma cidade que tinha entre 5 000 e 7 000 habitantes, foi considerado um ataque terrível, na época, e usado como uma propaganda amplamente difundida no Ocidente, levando a acusações de "atentado terrorista" e de que 1 654 pessoas tinham morrido no bombardeio.[33] Na realidade, o ataque foi uma operação tática contra uma cidade com importantes comunicações militares próximas à linha de frente e as estimativas modernas não rendem mais de 300-–400 mortos no fim do ataque.[33][34]
Invasão japonesa da China (1937)
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Em julho de 1937, o Japão ocupou Pequim, a antiga capital imperial chinesa, depois de instigar o incidente da Ponte Marco Polo, que culminou com a campanha japonesa para invadir toda a China.[35] Os soviéticos rapidamente assinaram um pacto de não agressão com a China para emprestar material de suporte, acabando com cooperação prévia da China com a Alemanha (ver: Cooperação Sino-Germânica de 1911 a 1941). O Generalíssimo Chiang Kai-shek usou o seu melhor exército para defender Xangai, mas depois de três meses de luta, a cidade caiu. Os japoneses continuaram a empurrar as forças chinesas para trás, capturando a capital, Nanquim, em dezembro de 1937 e cometendo o chamado "Massacre de Nanquim".[36][37]
Em junho de 1938, as forças chinesas paralisaram o avanço japonês através da criação de enchentes no rio Amarelo; esta manobra comprou tempo para os chineses prepararem as suas defesas em Wuhan, mas a cidade foi tomada em outubro.[38] As vitórias militares japonesas não provocaram o colapso da resistência chinesa que o Japão tinha a esperança de alcançar, em vez disso o governo chinês se mudou do interior para Chongqing e continuou a guerra.[39]
Invasão japonesa da União Soviética e Mongólia (1938–1939)
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Em 29 de julho de 1938, os japoneses invadiram a União Soviética e foram combatidos na Batalha do Lago Khasan. Apesar da vitória soviética, os japoneses consideraram-na um empate inconclusivo e em 11 de maio de 1939 decidiram mudar a fronteira japonesa mongol até o rio Khalkhin Gol pela força. Após sucessos iniciais do ataque japonês à Mongólia, o Exército Vermelho infligiu a primeira derrota importante do Exército de Guangdong.[40][41]
A vitória soviético-mongol nas batalhas de Khalkhin Gol levou a uma crise de governo convencendo algumas partes do governo japonês de que deveriam se concentrar em se conciliar com o governo soviético para evitar interferências na guerra contra a China e, ao invés de voltarem sua atenção militar para o sul, mudarem seu foco para os territórios dos Estados Unidos e da Europa no Pacífico, e também impediram a demissão de experientes líderes militares soviéticos, como Gueorgui Júkov, que mais tarde iria desempenhar um papel vital na defesa de Moscou[42] (ver: Batalha de Moscou). Em 13 de abril de 1941, o Pacto de Não-Agressão Nipônico-Soviético foi assinado.[43]
Ocupações e acordos na Europa
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Na Europa, a Alemanha e a Itália foram se tornando mais ousadas. Em março de 1938, a Alemanha anexou a Áustria, novamente provocando poucas reações de outras potências europeias.[44] Incentivado, Hitler começou pressionando reivindicações alemãs na região dos Sudetos, uma área da Checoslováquia com uma população predominantemente de etnia alemã e logo a França e o Reino Unido concederam este território para a Alemanha no Acordo de Munique, que foi feito contra a vontade do governo da Checoslováquia, em troca de uma promessa de fim de mais exigências territoriais por parte dos alemães.[45]
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Logo depois, no entanto, a Alemanha e a Itália forçaram a Checoslováquia a ceder territórios adicionais à Hungria e Polônia.[46] Em março de 1939, a Alemanha invadiu o restante da Checoslováquia e, posteriormente, dividiu-a no Protectorado de Boêmia e Morávia e em um Estado fantoche pró-alemão, a República Eslovaca.[47]
Espantados e com Hitler a fazer exigências adicionais sobre Danzig (Crise de Danzig), França e Reino Unido garantiram seu apoio à independência polonesa; quando a Itália conquistou a Albânia em abril de 1939, a mesma garantia foi estendida à Romênia e Grécia.[48] Logo após a promessa franco-britânica para a Polônia, Alemanha e Itália formalizaram a sua própria aliança, o Pacto de Aço.[49]
Em agosto de 1939, a Alemanha e a União Soviética assinaram o Pacto Molotov-Ribbentrop,[50] um tratado de não agressão com um protocolo secreto (ver: Negociações sobre a adesão da União Soviética ao Eixo). As partes do acordo deram direitos uns aos outros, "no caso de um rearranjo territorial e político", "esferas de influência" (oeste da Polônia e da Lituânia para a Alemanha e leste da Polônia, Finlândia, Estônia, Letônia e Bessarábia para a URSS). O tratado também levantou a questão de a Polônia continuar a ser independente.[51]
A guerra
Início da guerra na Europa (1939)
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Em 1 de setembro de 1939, Alemanha e Eslováquia (que na época era um Estado fantoche alemão) atacaram a Polônia.[52] Em 3 de setembro, França e Reino Unido, seguido totalmente por todos os seus domínios[53] independentes da Comunidade Britânica[54] — Austrália, Canadá, Nova Zelândia e África do Sul — declararam guerra à Alemanha, mas proveram pouco apoio à Polônia, exceto por um pequeno ataque francês no Sarre.[55] Reino Unido e França também iniciaram um bloqueio naval à Alemanha em 3 de setembro, que tinha como objetivo danificar a economia do país e seu esforço de guerra.[56][57]
Em 17 de setembro, após a assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, os soviéticos também invadiram a Polônia.[58] O território polonês foi então dividido entre a Alemanha e a União Soviética, além da Lituânia e da Eslováquia também terem recebido pequenas partes (ver: Ocupação da Polónia (1939–1945)). Os poloneses não se renderam, estabeleceram o Estado Secreto Polaco e uma sede subterrânea para o seu exército, além de continuarem a lutar junto com os Aliados em todas as frentes de batalha fora de seu país.[59]
Cerca de 100 000 militares poloneses foram evacuados para a Romênia e países bálticos, muitos destes soldados lutaram mais tarde contra os alemães em outras frentes da guerra.[60] Decifradores poloneses de enigmas também foram evacuados para a França.[61] Durante este tempo, o Japão lançou o seu primeiro ataque contra Changsha, uma cidade chinesa importante e estratégica, mas as forças japonesas foram repelidas no final de setembro.[62]
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Após a invasão da Polônia e de um tratado germano-soviético sobre controle da Lituânia, a União Soviética forçou os países bálticos a permitir a permanência de tropas soviéticas nos seus territórios sob pactos de "assistência mútua".[63][64][65] A Finlândia rejeitou as demandas territoriais e foi invadida pela União Soviética em novembro de 1939.[66] O conflito resultante terminou em março de 1940 com concessões finlandesas.[67] França e Reino Unido, ao considerarem o ataque soviético sobre a Finlândia como o equivalente a entrar na guerra no lado dos alemães, reagiram à invasão soviética, apoiando a expulsão da URSS da Liga das Nações.[65]
Na Europa Ocidental, as tropas britânicas chegaram ao continente, mas em uma fase apelidada de "Phoney War" (Guerra de Mentira) pelos britânicos e de "Sitzkrieg" (Guerra Sentada) pelos alemães, nenhum dos lados lançou grandes operações contra o outro, até abril de 1940.[68] A União Soviética e a Alemanha entraram em um acordo comercial em fevereiro de 1940, nos termos do qual os soviéticos receberam equipamento militar e industrial alemão, em troca de fornecimento de matérias-primas para a Alemanha para ajudar a contornar o bloqueio aliado.[69]
Em abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e a Noruega para garantir embarques de minério de ferro da Suécia, que os Aliados estavam prestes a romper.[70] A Dinamarca imediatamente rendeu-se e apesar do apoio dos Aliados, a Noruega foi conquistada dentro de dois meses.[71] Em maio de 1940, o Reino Unido invadiu a Islândia para antecipar uma possível invasão alemã da ilha.[72] O descontentamento britânico sobre a Campanha da Noruega levou à substituição do primeiro-ministro Neville Chamberlain por Winston Churchill, em 10 de maio de 1940.[73]
Avanços do Eixo (1940)
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A Alemanha invadiu a França, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo em 10 de maio de 1940.[74] Os Países Baixos e a Bélgica foram invadidos através de táticas de blitzkrieg em poucos dias e semanas, respectivamente.[75] A linha fortificada francesa conhecida como Linha Maginot e as forças aliadas na Bélgica foram contornadas por um movimento de flanco através da região densamente arborizada das Ardenas,[76] considerada erroneamente pelos planejadores franceses como uma barreira natural impenetrável contra veículos blindados.[77]
As tropas britânicas foram forçadas a evacuar do continente em Dunquerque, abandonando o seu equipamento pesado no início de junho.[78] Em 10 de junho, a Itália invadiu a França, declarando guerra ao governo francês e ao Reino Unido;[79] 12 dias depois, os franceses se renderam e o território de seu país foi logo dividido em zonas de ocupação alemãs e italianas,[80] além da criação de um Estado fantoche colaboracionista alemão desocupado chamado França de Vichy. Em 3 de julho, os britânicos atacaram a frota francesa na Argélia para evitar a sua eventual tomada pela Alemanha.[81]
Em junho, durante os últimos dias da Batalha da França, a União Soviética anexa à força Estônia, Letônia e Lituânia[64] e, em seguida, conquista a disputada região romena da Bessarábia. Enquanto isso, a aproximação política e a cooperação econômica nazi-soviética[82][83] gradualmente se paralisa[84][85] e ambos os Estados começam os preparativos para a guerra.[86]
Com a França neutralizada, a Alemanha começou uma campanha de supremacia aérea sobre o Reino Unido (a Batalha da Grã-Bretanha) para se preparar para uma invasão.[87] A campanha fracassou e os planos de invasão foram cancelados até setembro.[87] Usando os portos franceses recém-capturados, a Kriegsmarine (marinha alemã) obteve sucesso contra a melhor preparada Marinha Real, usando U-Boots contra os navios britânicos no Atlântico.[88] A Itália começou a operar no Mediterrâneo, com o início do cerco de Malta em junho, a conquista da Somalilândia Britânica em agosto e em uma incursão no Egito, que então era administrado pelos britânicos, em setembro de 1940. O Japão aumentou o bloqueio contra a China em setembro, ao capturar várias bases no norte da agora isolada Indochina Francesa.[89]
Durante todo esse período, o neutro Estados Unidos tomou medidas para ajudar a China e os Aliados Ocidentais. Em novembro de 1939, a Lei de Neutralidade norte-americana foi alterada para permitir compras do chamado "cash and carry" (dinheiro e transporte) por parte dos Aliados.[90] Em 1940, após a captura alemã de Paris, o tamanho da Marinha Americana aumentou significativamente e, depois da incursão japonesa na Indochina, o país embargou ferro, aço e peças mecânicas contra o Japão.[91] Em setembro, os Estados Unidos concordaram ainda em comerciar destróieres estadunidenses para bases britânicas.[92] Ainda assim, a grande maioria do público norte-americano continuou a se opor a qualquer intervenção militar direta no conflito em 1941.[93]
No final de setembro de 1940, o Pacto Tripartite unia o Império do Japão, a Itália fascista e a Alemanha nazista para formalizar as Potências do Eixo. Esse pacto estipulou que qualquer país, com exceção da União Soviética, que atacasse qualquer uma das Potências do Eixo seria forçado a ir para a guerra contra os três em conjunto.[94] Durante este período, os Estados Unidos continuaram a apoiar o Reino Unido e a China, introduzindo a política de Lend-Lease que autorizava o fornecimento de material e outros itens aos Aliados[95] e criava uma zona de segurança que abrangia cerca de metade do Oceano Atlântico, onde a Marinha Americana protegia os comboios britânicos.[96] Como resultado, a Alemanha e os Estados Unidos viram-se envolvidos em uma sustentada guerra naval no Atlântico Norte e Central em outubro de 1941, apesar de os Estados Unidos terem se mantido oficialmente neutros.[97][98]
O Eixo expandiu-se em novembro de 1940, quando a Hungria, a Eslováquia e a Romênia aderiram ao Pacto Tripartite.[99] A Romênia faria uma grande contribuição para a guerra do Eixo contra a URSS, parcialmente ao recapturar o território cedido à URSS e em parte para prosseguir com o desejo de seu líder, Ion Antonescu, de combater o comunismo.[100] Em outubro de 1940, a Itália invadiu a Grécia, mas em poucos dias foi repelida e foi forçada de volta para a Albânia, onde um impasse logo ocorreu.[101] Em dezembro de 1940, as forças britânicas da Commonwealth começaram contraofensivas contra as forças italianas no Egito e na África Oriental Italiana.[102] No início de 1941, depois que as forças italianas terem sido afastadas de volta para a Líbia pela Commonwealth, Churchill ordenou uma expedição de tropas na África para reforçar os gregos.[103] A Marinha Real Italiana também sofreu derrotas significativas, quando a Marinha Real colocou três de seus navios de guerra fora de ação depois de um ataque em Tarento e quando vários outros de seus navios de guerra foram neutralizados na Batalha do Cabo Matapão.[104]
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Os alemães logo intervieram para ajudar a Itália. Hitler enviou forças alemãs para a Líbia em fevereiro e até o final de março eles lançaram uma ofensiva contra as enfraquecidas forças da Commonwealth.[105] Em menos de um mês, as forças da Commonwealth foram empurradas de volta para o Egito com exceção do sitiado porto de Tobruk.[106] A Comunidade Britânica tentou desalojar as forças do Eixo em maio e novamente em junho, mas falhou em ambas as ocasiões.[107] No início de abril, após a assinatura da Bulgária do Pacto Tripartite, os alemães fizeram uma intervenção nos Balcãs ao invadir a Grécia e a Iugoslávia na sequência de um golpe; nesse episódio os alemães também fizeram um rápido progresso e acabaram forçando os Aliados a evacuar depois que a Alemanha conquistou a ilha grega de Creta, no final de maio.[108]
Os Aliados tiveram alguns sucessos durante este tempo. No Oriente Médio, as forças da Commonwealth primeiro anularam um golpe de Estado no Iraque, que tinha sido apoiado por aviões alemães a partir de bases dentro da Síria controlada pela França de Vichy,[109] então, com a ajuda da França Livre, invadiram a Síria e o Líbano para evitar mais ocorrências.[110] No Atlântico, os britânicos conquistaram um impulso moral público muito necessário ao afundar o emblemático couraçado alemão Bismarck.[111] Talvez ainda mais importante foi a bem-sucedida resistência da Força Aérea Real, durante a Batalha da Grã-Bretanha, aos ataques da Luftwaffe alemã, sendo que a campanha de bombardeio alemã em grande parte acabou em maio de 1941.[112]
Na Ásia, apesar de várias ofensivas de ambos os lados, a guerra entre a China e o Japão foi paralisada em 1940. Com o objetivo de aumentar a pressão sobre a China ao bloquear rotas de abastecimento e para as forças japonesas terem uma melhor posição em caso de uma guerra com as potências ocidentais, o Japão tomou o controle militar do sul da Indochina.[113] Em agosto daquele ano, os comunistas chineses lançaram um ofensiva na China Central; em retaliação, o Japão instituiu medidas duras (a Política dos Três Tudos) em áreas ocupadas para reduzir os recursos humanos e materiais dos comunistas.[114] A contínua antipatia entre as forças comunistas e nacionalistas chinesas culminaram em confrontos armados em janeiro de 1941, efetivamente terminando com a cooperação entre os dois grupos.[115]
Com a situação na Europa e na Ásia relativamente estável, a Alemanha, o Japão e a União Soviética fizeram preparativos. Com os soviéticos desconfiados das crescentes tensões com a Alemanha e o planejamento japonês para tirar proveito da guerra na Europa, aproveitando as possessões europeias ricas em recursos no sudeste da Ásia, as duas potências assinaram o pacto de neutralidade nipônico-soviético, em abril de 1941.[116] Em contraste, os alemães estavam constantemente fazendo preparativos para um ataque à URSS, com as suas forças se acumulando na fronteira soviética.[117]
A guerra se torna global (1941)
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Em 22 de junho de 1941, a Alemanha, juntamente com outros membros europeus do Eixo e a Finlândia, invadiu a União Soviética na chamada Operação Barbarossa. Os principais alvos dessa ofensiva surpresa[118] foram a região do Mar Báltico, Moscou e Ucrânia, com o objetivo final de acabar com a campanha de 1941 perto da linha de Arkhangelsk-Astrakhan (linha A-A), que ligava os mares Cáspio e Branco. O objetivo de