Masculinidade
Masculinidade é um conjunto de atributos, comportamentos e papéis geralmente associados a meninos e homens. A masculinidade é construída socialmente, mas composta tanto por fatores socialmente definidos quanto biologicamente,[1][2][3] distintos da definição do sexo biológico masculino.[4][5] Ambos homens e mulheres podem exibir traços e comportamentos masculinos. Aqueles que exibem características masculinas e femininas são considerados andróginos e filósofos feministas argumentaram que a ambiguidade de gênero pode confundir a classificação de gênero.[6][7]
Traços masculinos incluem coragem, independência e assertividade.[8][9][10] Esses traços variam conforme o local e contexto e são influenciados por fatores sociais e culturais.[11] Uma ênfase excessiva na masculinidade e no poder, muitas vezes associada a um desrespeito pelas consequências e responsabilidades, é conhecida como machismo.[12]
Visão geral
As qualidades, características ou papéis masculinos são considerados típicos ou apropriados para um menino ou homem. Há graus de comparação: "muito masculino" e "mais masculino", e o oposto pode ser expresso por "não-másculo" ou "epiceno".[13] Semelhante à masculinidade é a virilidade (do latim vir, "homem"). O conceito de masculinidade varia histórica e culturalmente; embora o Dândi tenha sido visto como um ideal de masculinidade do século XIX, é agora considerado efeminado pelos padrões modernos.[14] As normas masculinas, como descrito na Masculinity Reconstructed ("Masculinidade Reconstruída") de Ronald F. Levant, são "evitação da feminilidade", emoções restritas, sexo desconectado da intimidade, busca de realização e status, auto-suficiência, força e agressividade e homofobia".[15] Estas normas reforçam o papel de gênero associando atributos e características a um gênero.[16]
O estudo acadêmico da masculinidade recebeu atenção crescente durante o final dos anos 1980 e início dos anos 90, com o número de cursos sobre o assunto nos Estados Unidos subindo de 30 para mais de 300.[17] Isso desencadeou a investigação da interseção da masculinidade com outros eixos de discriminação social e conceitos de outros campos, como a construção social da diferença de gênero.[18]
Desenvolvimento
Em muitas culturas, apresentar características não típicas do seu sexo pode ser um problema social. Na sociologia, esta rotulagem é conhecida como suposições de gênero e faz parte da socialização para satisfazer os costumes de uma sociedade. O comportamento não padronizado pode ser considerado indicativo de homossexualidade, apesar da expressão de gênero, a identidade de gênero e a orientação sexual serem amplamente aceitas como conceitos distintos.[19] Quando a sexualidade é definida em termos de escolha de objeto (como nos estudos iniciais da sexologia), a homossexualidade masculina é interpretada como efeminação.[20] A desaprovação social da masculinidade excessiva pode ser expressa como "machismo"[12]ou por neologismos como "envenenado por testosterona".[21]
Natureza versus criação
A medida em que a masculinidade é inata ou adquirida é debatida. A pesquisa genômica produziu informações sobre o desenvolvimento de características masculinas e o processo de diferenciação sexual específico do sistema reprodutivo humano. O fator determinante do testículo (também conhecido como proteína SRY) no cromossomo Y, crítico para o desenvolvimento sexual masculino, ativa a proteína SOX9.[22] SOX9 trabalha com a proteína SF1 para aumentar o nível de Hormônio antimülleriano, reprimindo o desenvolvimento feminino enquanto ativando e formando um loop que se autoalimenta com a proteína FGF9; Isso cria as cordas dos testículos e é responsável pelas células de Sertoli que ajudam na produção de espermatozoides.[23]
Como uma criança desenvolve identidade de gênero também é debatido. Alguns acreditam que a masculinidade está ligada ao corpo masculino; Nesta visão, a masculinidade está associada à genitália masculina.[24] Outros sugeriram que, embora a masculinidade possa ser influenciada pela biologia, é também uma construção cultural. Pesquisas recentes têm sido feitas sobre o auto-conceito de masculinidade e sua relação com a testosterona; Os resultados mostraram que a masculinidade não só difere em diferentes culturas, mas os níveis de testosterona não prevém o quão masculino ou feminino o indivíduo se sente.[25]
Libertação masculina
O movimento de libertação masculina surge no final da Década de 1960, a procura de entender como uma sociedade patriarcal também poderia afetar os homens.[26] O movimento surge como uma resposta ao crescimento do feminismo, a contracultura da época, e a revolução sexual da época. Jack Sawyer publica On Male Liberation (Sobre a Liberação Masculina em português), onde discutia as implicações negativas do estereótipo do homem ideal.[27]
Masculinidade tóxica
Masculinidade tóxica é uma descrição estreita e repressiva da masculinidade que a designa como definida por violência, sexo, status e agressão,[28] é o ideal cultural da masculinidade, onde a força é tudo, enquanto as emoções são uma fraqueza; sexo e brutalidade são padrões pelos quais os homens são avaliados, enquanto traços supostamente "femininos" - que podem variar de vulnerabilidade emocional a simplesmente não serem hipersexuais - são os meios pelos quais seu status como "homem" pode ser removido.[29] Alguns do efeitos da masculinidade tóxica estão a supressão de sentimentos, encorajamento da violência, falta de incentivo em procurar ajuda, perpetuação da cultura do estupro, homofobia, misoginia,[30] racismo e machismo.[31]
A masculinidade tóxica é também tema recorrente do psiquiatra e autor norte-americano Frank Pittman, especialmente as maneiras pelas quais a masculinidade tradicional literalmente prejudica os homens.[32] Os homens vivem sete anos menos do que as mulheres, têm taxas de mortalidade mais altas por homicídio, suicídio e acidentes além de serem as maiores vítimas de câncer de pulmão e cirrose. Pittman enfatiza que as normas da masculinidade exigem que a própria masculinidade seja perseguida por toda a vida. Pittman relaciona a masculinidade tóxica a homens que foram criados por mulheres sem terem um modelo masculino.[33]
Nas últimas três décadas, cientistas sociais e o público em geral examinaram o conceito de masculinidade tóxica, enfocando atributos tradicionalmente masculinos que muitos perceberam como prejudiciais não só para as mulheres, mas também para os homens e para a sociedade. Em uma meta-análise de 78 estudos, incluindo 19.453 participantes, pesquisadores da Indiana University Bloomington e a Nanyang Technological University, em Cingapura, encontraram associações modestas mas negativas entre um número de normas masculinas e resultados de saúde mental. Essas normas sociais "masculinas" incluíam o desejo de ganhar, a necessidade de controle emocional, comportamentos de risco, violência, dominância, promiscuidade sexual, autossuficiência, alta importância atribuída ao trabalho, poder sobre as mulheres, desprezo pela homossexualidade e busca por status.[34] As três normas que os pesquisadores descobriram ter os efeitos negativos mais consistentes sobre a saúde mental dos homens foram a autossuficiência, a busca por promiscuidade sexual e poder sobre as mulheres.[34]
Ver também
- Masculinidade hegemônica, uma teoria da antropóloga Raewyn Connell
Referências
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