Castelo de Ansiães
Castelo de Ansiães Castelo de Ansiães | |
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Vista do Castelo de Ansiães, Portugal | |
Informações gerais | |
Tipo | Castelo |
Estilo dominante | Castelo medieval |
Início da construção | - () |
Proprietário inicial | Reino de Portugal |
Função inicial | Militar |
Função atual | Cultural |
Património de Portugal | |
Classificação | Monumento Nacional |
DGPC | 70591 |
SIPA | 1059 |
Geografia | |
País | Portugal |
Cidade | Carrazeda de Ansiães |
Coordenadas | 41° 12′ 10″ N, 7° 18′ 20″ O |
Geolocalização no mapa: Portugal Continental |
O Castelo de Ansiães, também referido como Castelo de Carrazeda de Ansiães, localiza-se em Selores, na freguesia de Lavandeira, Beira Grande e Selores, município de Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança, em Portugal.[1]
Em posição dominante sobre um maciço de granito, originalmente com função defensiva, afastado da povoação, no vale do rio Douro, integra a Região de Turismo Douro Sul.
No início do século XX, foi classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.[2]
História
Antecedentes
A primitiva ocupação humana do seu sítio remonta ao Calcolítico, por diversos povos sucessivamente, passando pelos Romanos até aos Muçulmanos, aos quais se deve o primitivo amuralhamento da povoação, tendo sido totalmente abandonada por volta do século IX.
O castelo medieval
Em meados do século XI, à época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a povoação inscrevia-se nos domínios do reino de Leão, quando recebeu, em 1055, 1057 ou 1065, Carta de Foral do rei Fernando Magno, visando o seu repovoamento.
Integrante dos domínios de Portugal, esse foral foi confirmado, em 1160, pelo rei D. Afonso Henriques (1112-85) e, sucessivamente, em 1198 por D. Sancho I (1185-1211), em 1219 por D. Afonso II (1211-23) e, em 1510, por D. Manuel I (1495-1521). O crescimento da vila e sua importância regional foram reconhecidos pela Carta de Feira, recebida em 1277 de D. Afonso III (1248-79). Alguns autores sustentam que, possívelmente, parte expressiva de sua cerca amuralhada teria sido erguida sob o reinado de D. João I (1385-1433).
Do século XV aos nossos dias
Aqui nasceu o valoroso Lopo Vaz de Sampaio, capitão de Cochim (1524-1526) e Governador-Geral do Estado português na Índia (1526-1529).
Em algum momento do século XVII ou após, a estrutura recebeu obras de modernização, das quais conhecemos o chamado Fortim do Cubo e o revelim. Chegaram-nos ainda os nomes da Torre dos Lameiros, da Torre do Sol, da Porta de São Francisco, da Porta de São João e da Porta da Fonte Vedra. A partir de então, a povoação e sua defesa perderam espaço para outros centros da região, processo que se acentuou nos séculos seguintes, culminando com a sua ruína.
Na década de 1960 sofreu intervenção de consolidação e restauro, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN).
Atualmente o imóvel encontra-se afeto à Direcção Regional do Porto do Instituto Português do Património Arquitectónico (DRP-IPPAR). Diante do seu estado geral, bastante degradado, foram empreendidas novas obras no âmbito de um projeto de recuperação do castelo e da vila, orçados em 800 mil Euros (recursos do IPPAR, com uma participação comunitária de 75%), cuja primeira fase deverá estar concluída e disponível ao público até ao final de 2006, através de visitas guiadas. Um Centro de Recepção de Turismo está sendo erguido extra-muros, junto à Igreja de São João Baptista e, futuramente, o espólio recolhido pelos trabalhos de prospecção arqueológica será exibido nas instalações de um Centro Interpretativo, a ser edificado no centro histórico, pela Câmara Municipal.
Características
Este castelo medieval distribuía-se dentro de uma muralha de planta ovalada, reforçada por cinco torreões quadrangulares, duas das quais defendendo o portão principal, a chamada Porta de São Salvador. Além da torre de Menagem, dividida internamente em dois pavimentos, o superior rasgado por janelas, este perímetro abrigava a cisterna do povoado circundante, podendo ser observados, ainda hoje, os alicerces de antigos edifícios, arcos, cunhais e vergas. A única edificação preservada é a pequena Igreja de São Salvador de Ansiães, em estilo românico.
Fora dos muros do castelo distribuía-se a zona urbana, delimitada por um segundo muro exterior com extensão superior a 600 m, reforçado por três torres quadrangulares. Dessa cerca externa restam apenas alguns troços dos setores leste e sul. No total, o conjunto do castelo ocupa uma área aproximada de 9.594 hectares.
Ver também
Bibliografia
- AGUILAR, José. Carrazeda de Ansiães e seu Termo. Carrazeda de Ansiães (Portugal), 1980.
- LOPES, Flávio. Património arquitectónico e arqueológico classificado: Distrito de Bragança. Lisboa, 1993.
- MORAIS, João Pinto; MAGALHÃES, António de Sousa Pinto. Memórias de Ansiães. Carrazeda de Ansiães (Portugal), 1985.
- PEREIRA, António Luís (2011) – “ O Castelo de Ansiães: Contributo para o Estudo da Idade Média no Vale do Douro”. Cristãos e Muçulmanos na Idade Média Peninsular – Encontros e desencontros”. Lisboa. p. 297-308.
- PEREIRA, António Luis; LOPES, Isabel Alexandra Justo (2008) – “Carrazeda de Ansiães - Terra com Marcas do tempo”. Carrazeda de Ansiães: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães.
- PEREIRA, António Luis; LOPES, Isabel Alexandra Justo (2008) – “Castelo de Ansiães – 5000 anos de História”. Carrazeda de Ansiães: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães.
- PEREIRA, António Luis; LOPES, Isabel Alexandra Justo (2005) – Património Arqueológico do Concelho de Carrazeda de Ansiães. Carrazeda de Ansiães: Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães.
- PEREIRA, António Luis (2001) - Vila Medieval de Ansiães: cabeça de um território situado entre o rio Tua e o Rio Douro. No prelo.
- PEREIRA, Luis; SOARES, Nuno (2000) - A Intervenção arqueológica na Vila Medieval de Ansiães. Actas do 2º Congresso Internacional sobre o rio Douro,Vol. I . Vila Nova de Gaia.
- PEREIRA, António Luis; SOARES, Nuno Miguel (1997) – Ansiães, um povoado com rupturas no seu processo histórico? . “DOURO – Estudos e Documentos”. Porto. 4, p. 63-76.
- PEREIRA, António Luis; SOARES, Nuno Miguel (1996b) - O Castelo de Ansiães, Boletim da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, Carrazeda de Ansiães, 1996.
- PEREIRA, António Luis; SOARES, Nuno Miguel (1996a) -A intervenção Arqueológica na Vila Medieval de Ansiães, “ DOURO - Estudos & Documentos”.Porto. p. 281- 283.
- PEREIRA, Ricardo Manuel Paninho. De Ansiães a Carrazeda de Ansiães. Carrazeda de Ansiães (Portugal), 1991.
- VERDELHO, Pedro. Roteiro dos Castelos de Trás-os-Montes. Chaves (Portugal), 2000.
- Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa, 1976.
- "Castelo de Ansiães visitável até 2006". in O Informativo, 10 de janeiro de 2005.
Referências
- ↑ Ficha na base de dados SIPA
- ↑ «Pesquisa de Património: Castelo de Ansiães». igespar.pt. Consultado em 13 de outubro de 2011
Ligações externas
- Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (SIPA/DGPC)
- Castelo de Ansiães na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
- Centro Interpretativo do Castelo de Ansiães
- Vídeo promocional - um concelho que sabe bem receber
- "Castelo de Ansiães - 5000 Anos de História" - Ver brochura online